segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Quando o pó me reclamar



Quando a noite chegar
depois do alento esgotado
e meu corpo alquebrado
não mais puder caminhar,

imóvel, me estenderei
em torno de triste pranto,
e de negro me cobrirei
com meu melhor manto.

Quando meu olhar gasto
se entregar à escuridão
e minhas entranhas em ebulição
alimentarem o macabro repasto,
chegará a hora de escapar
embalado nas asas do vento,
sem nada levar,
tudo deixando ao esquecimento.


Quando todo o meu legado
se inflamar no braseiro da fornalha
e esconderem meu rosto estragado
no alvor rendado da mortalha,
esconsas asas abrirei
e para longe partirei,
doando meu ossário sombrio
a um qualquer terreno baldio.



poema escrito em 2007-05-07
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