sábado, 18 de setembro de 2010

Dia de todas as noites



Hoje é o dia em que te despedes
dos exíguos labirintos do destino
e dos gastos versos sem rima
de uma ilusão envelhecida.
Envolto no manto negro
que te cobre as chagas do corpo,
mergulhas num crepúsculo de cinzas
que lentamente devoram tua imagem
nos espelhos cegos do infinito.

O grito do silêncio ecoa ainda
na névoa da manhã estrangulada,
murmúrio de pedra fria
sobre a mordaça do mármore desvanecido,
onde ruidosamente desabam
frágeis alicerces de bruma
e os solitários sonhos que ergueste
no areal negro dos dias,
com o suor amargo de sangue espesso.

Lágrimas doentes te acompanham
à soleira adormecida do abismo,
ecos distantes de um adeus
plantado na frigidez dos ossos.
Hoje é o dia em que te despedes
do esplendor inacabado de uma quimera.



poema escrito em 2010-06-03
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