sábado, 25 de setembro de 2010
No gelo da vidraça
Algemada aos caixilhos da janela cerrada,
Estendes o azul crucificado do teu olhar
Na direcção da chuva que cai estrangulada,
Afogando a luz lamacenta de um sórdido luar.
Como um barco ancorado num cais sombrio,
Vês a vida esvoaçar nos varais da maré, lá fora;
Miragem que naufraga nas águas de um vazio
E no errante exílio desse sonho que demora.
Um triste abismo cerca as falésias desse miradouro
Onde invocas a dor de uma ausência que te cega
E, o alento, em apagadas cinzas se desagrega.
Derramando o dolente veludo do teu choro,
Embalas o grito da saudade que te abraça,
Desenhando corações partidos no gelo da vidraça.
poema escrito em 2010-05-04
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1 comentário:
Olá Rui, vim deixar um abraço, nem sequer falo da poesia, porque essa transpira em nós como fontes borbotantes.
Apenas deixo a minha marca em sinal da amizade e da admiração.
AS NOITES EM MIM
Assombram-me os véus rendados
Duvidas duma crónica existência,
Tormentos libertinos espalhados
Sonhos penosos, ancorados
Em marés de penitência.
A face negra da noite se destapa
Em vielas soluçantes de croché,
E a sede romancista que me mata
Levemente da garganta se desata
Em venenos de tabaco e de café.
Irrompe num esgar quase sem dor
Imbuído na paisagem irrequieta
Na mente, troa um rufo inspirador
Sopro confuso, talvez amor
Tocando o coração deste poeta.
Regensburg
16-04-10
Beija-flor
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