segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Amor: palavra proibida


Existe uma palavra proibida
na gramática negra dos abismos.
Uma palavra atravessada pelo silêncio
que clama do fundo da noite
e dos recantos mais sombrios
onde foi um dia aprisionada.
É uma voz antiga e amordaçada
que encerra no seu seio,
na luz branca das sílabas esquecidas,
o poder de derrubar fronteiras
e o sopro eterno que acende universos.

Constantemente crucificada
e substituída por estranhos sinónimos
que dissimuladamente a deformam
e nada dizem da solidão do mundo
sangra no frio prolongado dos corações
como uma bênção rejeitada
ou uma ferida incapaz de cicatrizar,
murmurando em surdina
num eco que não se pode extinguir
e nos lábios dormentes do poeta
a sua ânsia de ser de novo revelada.


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sábado, 1 de dezembro de 2012

Perfume de flor


O perfume de uma flor
não se esgota
no orvalho matinal
nem se tolda
com o voo rasante
das abelhas do vento.
Como uma ânfora azul
aberta às caricias do sonho
contrai os lábios
acumulando ao longo do dia
novos aromas e fragrâncias.

Ao entardecer
o sol verga-se sobre si mesmo,
as borboletas dobram as asas
e se transformam
num sentimento novo e indecifrável,
a luz do dia lentamente murcha
na secura estéril dos canteiros,
mas, o perfume de uma flor,
reinventa-se a cada hora
e jamais se esgota.

Pelo menos,
enquanto durarem as variações do fogo;

a sedução do amor.



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