Existe uma palavra proibida
na gramática negra dos abismos.
Uma palavra atravessada pelo silêncio
que clama do fundo da noite
e dos recantos mais sombrios
onde foi um dia aprisionada.
É uma voz antiga e amordaçada
que encerra no seu seio,
na luz branca das sílabas esquecidas,
o poder de derrubar fronteiras
e o sopro eterno que acende universos.
Constantemente crucificada
e substituída por estranhos sinónimos
que dissimuladamente a deformam
e nada dizem da solidão do mundo
sangra no frio prolongado dos corações
como uma bênção rejeitada
ou uma ferida incapaz de cicatrizar,
murmurando em surdina
num eco que não se pode extinguir
e nos lábios dormentes do poeta
a sua ânsia de ser de novo revelada.
_____________________________________