No rosto renovado dos calendários
não cabem os dias antigos
nem a glória daquelas tardes
em que, descalço
trepavas ao cimo das figueiras
e te achavas dono do destino.
Os cântaros de barro já não guardam
as águas puras da fonte
onde bebias a luz das manhãs
mitigando uma sede de conquista.
Um outono cego e traiçoeiro
diluiu o colorido do horizonte
no vento que inquinou todas as memórias
com um rumor de chuva e folhas mortas.
Para lá da cancela que guarda o tempo
a tua infância perdeu-se
no bosque de sombra estagnada
onde vão morrer os calendários vencidos.
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FELIZ 2012