Nas minhas mãos trémulas
teu corpo sereno aguarda
o fugaz poema
que escreverei esta noite
com as silabas quentes
de um desejo há muito anunciado.
De pequenos e roucos gemidos
será feita minha poesia
na rima cruzada dos corpos
formando uma única estrofe
sem versos,
sem qualquer palavra que possa trair
a febre mítica dos sentidos.
Esta noite trocarei as palavras
pela vogal sussurrante dos lençóis
e pelo frémito que percorre
a linha ardente dos teus lábios
e será este o poema
que a pena branca da alba
num fôlego derradeiro
irá pela manhã gravar
na incandescente memória
dos corpos em combustão.
__________________________________________________