quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eterno




O tempo esgotou-se, num abraço de névoa
que te gela a palidez escancarada da face.
A luz efémera que cobria teu vulto esmaltado
dilui-se no frémito que percorre o corpo corrompido.
Um canto lamurioso e derradeiro
acolhe os despojos de teu definitivo cansaço
que se mistura com as raízes ensanguentadas da terra,
recolhendo à matriz do silêncio que te gerou.

Envolto na cegueira desse abismo desperto,
atravessas os jardins de um horizonte fechado,
onde um giz de cinza risca na ardósia do crepúsculo
os traços difusos da sombra que um dia foste
e a lamúria do luar espanta os pássaros de musgo
entre o vazio eterno dos teus dedos.


poema escrito em 2010-09-02
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1 comentário:

Reinadi Sampaio disse...

Tuas palavras, tuas paalvra soberanas:“A luz efémera que cobria teu vulto esmaltado
dilui-se no frémito que percorre o corpo corrompido.”

E com ‘o corpo corrompido’ - rompem-se as barreiras do corpo que corrompe a alma...
Que se degrada em comunhão no desejo de ser possuída... No silêncio...

E se é Eterno: tudo recomeça – é a vida brotando.

Um grande abraço fraterno e uma linda semana meu mano, cheia de realizações plenas.
Flor.

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