segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Passaporte para novas dimensões




Todos os dias
vejo o sol nascer e se suicidar
no mesmo patíbulo sujo de sangue
e entranhas dilaceradas,
numa asfixiante perspectiva
despida de qualquer encanto.
Prisioneiro dos despojos das manhãs
e duma estranha geometria do vazio
vivo acorrentado ao pedestal gradeado,
como uma estátua de asas de chumbo,
sem respirar.

Vivo numa fornalha de incandescentes sensações
onde os sonhos se fundem,
atrofiados,
nas chagas rasgadas do entardecer,
sem saber ainda, se será teu corpo
passaporte para novas dimensões,
ou apenas o secreto desejo
de escapar, por momentos,
desta teia que o destino me bordou.






poema escrito em 2009-04-25
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3 comentários:

alma disse...

Runa,

Sempre o incansável estrondo das emoções, que não nos deixa dormir um sono calmo.

bj

Anónimo disse...

Adorei, também vivo...

beijinho.
Isa

Karla B disse...

Sensacional.

Beijo

Karla B

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