terça-feira, 7 de dezembro de 2010

À espera de um rasgo de inspiração



O inverno demora-se
nos lábios frios do poeta.
Um obscuro bater de portas
sacode os rebordos da folha vazia,
agora que a luz definha
ao fundo dos corredores decrépitos
onde o vento range
sob um poente de sombras gastas.


Alimento a sede dos tinteiros
com o sangue pisado das sílabas
e com os versos que restam
nos parapeitos cinzentos da memória,
debruçado sobre a madrugada solitária
das linhas que nunca escrevi,

à espera de um rasgo de inspiração.


poema escrito em 2010-12-06
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9 comentários:

Cris de Souza disse...

de remexer porões...

beijo, meu caro!

rosa-branca disse...

Á espera de um rasgo de inspiração... belo e nostalgico como a sua alma meu amigo. Adorei mas chega a doer-me... beijos com carinho

Alimentei tanto a dor
Que agora p'ra comer
Nem um pedaço d'amor
Eu tenho para viver.

alma disse...

Runa,

não precisas de inspiração..és a própria.

este inverno do nosso descontentamento é um baú em navio sem rumo.

bj

FlorAlpina disse...

Olá Runa,
E na espera, as sombras delinearam no bater das portas, um poema que range, e é o alimento do poeta!(Delicia quem lê)

Bjs dos Alpes

Marinha disse...

Runa, descreves a criação de uma maneira ímpar. Metalinguagem poética! Adorei!
Bjo

Mallika disse...

Esperas o que já te chegou, já tens. abraços.

Sueli Maia (Mai) disse...

Em qual estação os poetas não poemam?
Mas como disse bem: a constatação é que lá bem dentro do adentro, sempre é inverno.

muito bom!

Anónimo disse...

Runa,

o inverno do nosso inverno

mas pelos vistos inspiração tu tens

abraço

Unknown disse...

Existem realmente pessoas que escrevem com a alma e aqui se sente isso
é um dom maravilhoso

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