Sento-me,
a um canto esquecido da tua ausência,
e espero,
enquanto não amanhece,
a aparição do teu rosto antigo,
num alucinado jogo de espelhos.
Perco-me,
nesta imobilidade febril,
onde esqueço quem sou,
e busco, num rumor anónimo,
a sombra desse sorriso desvanecido,
que me enfeitiça o alento,
de cada vez que chegas
num sopro turvo de ilusão.
Sobre os meus ombros,
pousa a lâmpada fosca da madrugada,
num silêncio de casas vazias
que me dói por dentro,
enquanto o sol, acorrentado,
se debate numa inércia de sombras,
tentando, ainda, libertar-se
da cegueira que nos tolda.
Num crepúsculo de asas sonâmbulas,
persigo o esvoaçar estonteante
da tua sombra fugidia,
no beco sem saída
dos teus lábios embaciados,
como quem esfarela a réstia de pão
que as aves famintas irão devorar.
Um ladrar repetido de cães,
nas ruas desertas do meu sonho,
insiste em me recordar
que é já tarde,
para que regresses
de um horizonte de memórias desfeitas.
Quando a manhã, por fim,
bate no vidro da janela;
eu já adormeci,
e nem sequer sonhas que te esperei,
toda a noite,
nesta folha suja
de lágrimas e tinta esbatida.
a um canto esquecido da tua ausência,
e espero,
enquanto não amanhece,
a aparição do teu rosto antigo,
num alucinado jogo de espelhos.
Perco-me,
nesta imobilidade febril,
onde esqueço quem sou,
e busco, num rumor anónimo,
a sombra desse sorriso desvanecido,
que me enfeitiça o alento,
de cada vez que chegas
num sopro turvo de ilusão.
Sobre os meus ombros,
pousa a lâmpada fosca da madrugada,
num silêncio de casas vazias
que me dói por dentro,
enquanto o sol, acorrentado,
se debate numa inércia de sombras,
tentando, ainda, libertar-se
da cegueira que nos tolda.
Num crepúsculo de asas sonâmbulas,
persigo o esvoaçar estonteante
da tua sombra fugidia,
no beco sem saída
dos teus lábios embaciados,
como quem esfarela a réstia de pão
que as aves famintas irão devorar.
Um ladrar repetido de cães,
nas ruas desertas do meu sonho,
insiste em me recordar
que é já tarde,
para que regresses
de um horizonte de memórias desfeitas.
Quando a manhã, por fim,
bate no vidro da janela;
eu já adormeci,
e nem sequer sonhas que te esperei,
toda a noite,
nesta folha suja
de lágrimas e tinta esbatida.
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18 comentários:
Runa,
sempre o deambular pelas visões interiores, que nos tornam cinza e tudo.
bj
faz lembrar o estilo de poema daqueles escritores antigos!
gostei do blog, to seguindo!
Gostaria que conhecesse meu blog http://artegrotesca.blogspot.com
bjos
Oi Runa, tudo bem? Gostei muito do seu blog, muito lindo seu texto, é sensível e profundo, nos permiti refletir olhando p dentro de cada um de nos.
Beijos, se cuide :*
Olá doce poeta...!
Que paixão triste...( como se alguma fosse alegre). Perdi-me na beleza e solidão dos seus versos... Desculpe...mas hj particularmente estou sensível a tudo...
Beijos
Oi, Runa, tudo bem?
Descrição angustiante da experiência de um dos sentimentos mais bonitos do mundo.
Parabéns novamente por mais um belo poema.
Abraço.
Olá!!
Lindo poema!! Profundo...muito intenso...
Obrigada pela visita!
Seja muito Bem-Vindo!
Bom início de semana!
Runa
Como não respondi a ninguém aos comentários feitos no meu cantinho. Vim aqui agradecer o comentário que fez e dizer que é bem vinda ao meu cantinho. O que vi e li aqui adorei, vou voltar mais tarde com mais tempo.
Até lá um abraço
Adélia
É como andar pelo palco que é a vida sem sapatos nem rumo.
Um poema intenso!!!
Agradeço a visita , volte sempre!
Um abraço!
Parabéns!!!! lindo lindo
Runa:
Primeiramente, devo parabenizá-lo por esta sua poesia lindíssima!
Mas passei por aqui para dizer que suas belíssimas poesias foram postadas ontem no Duelos no Tema do Mês: Renascimento.
O Tema do Mês de fevereiro, vencedor da enquete, foi Amor Virtual. Caso queira participar, será uma honra!
Valeu por tudo até aqui!
Ótima semana para você e abração!
Lindo poema.Profundo, sentido, tocante...
Parabéns.
Beijo
Lindo poeta, sempre a espera e a procura de algo que não consegue alcançar. Talvez um dia meu amigo, talvez um belo dia... Profundo como sempre. Beijos com carinho
LINDO! às vezes temos esse sentimento de que não podemos atingir algo que está dentro de nós.
Muito lindo, mesmo.....Vou reler o livro O Projeto Eden, a procura do outro mágico! Obrigado pela inspiração.
Belo poema, Runa! Convido-a a uma visita ao Poesia Diversa. Um abraço.
Runa, quantas vezes senti-me assim.
Na madrugada, desesperançada,
olhando para quartos vazios.
Senti frio e dor.
Procurei nas palavras alento,
enquanto não amanhecia.
Escrevi, desenhei rostos queridos,
ausentes.
Vi meu rosto pálido, refletido
em um espelho solitário,
carente.
E o silêncio de MINHA CASA VAZIA
me doía tanto...
E "no crepúsculo de asas sonâmbulas"
só se ouvia o meu pranto.
Obrigada por seguir-me!
Com carinho
Fátima
De todos os poemas deste seu blog, aliás, muito bem feito, estes como se eu me identificasse com, muito me sensibilizou. Grato, José Araujo
Runa, tive que voltar ao seu blog, depois que vi o tão confuso foi o meu comentário (talvez resquicios de uma recente crise de labirintite...o que não é desculpa). O que procurei expressar foi que de todos os seus poemas _lindos, todos eles _ este foi o que mais me cativou. Como se com ele eu , de certa forma , me identifiquei. Obrigado por isso, José Araujo.
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Abraço. Volta sempre.
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