terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dia dos mortos



Flores frescas na laje fria
decoram a solidão dos sepultados,
o luto saiu em romaria
celebrando o dia de finados.

Faces de dor tatuadas,
pequenos corações em pranto,
no mármore das campas seladas
o epitáfio triste do desencanto.

Mãos fechadas contra o rosto,
altar de sonhos vencidos,
orações e silêncio deposto
em honra dos entes perdidos.

Na névoa da manhã que esfacela
ressoa o cortejo do sofrimento
e o ranger aflitivo da cancela
batida pelos punhos do vento.





poema escrito em 2009-05-31
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3 comentários:

Elen de Moraes Kochman disse...

Amei tua poesia, Runa! Pungente!
Gosto tb de escrever sobre a morte, sobre quem partiu e quem se prepara para ir. Não é morbido para mim, é só um estágio diferente da vida.
Parabéns!

Vera Celms disse...

Runa, estou passeando pelo seu blog... gosto desse clima que impõe... bem parecido com o meu...
Morte, pra mim, é mudança de estágio da vida... acaba o corpo, continua a alma...
Gosto do lúgubre, do sinistro, do oculto... Parabéns, amando teu trabalho... beijos, estarei sempre por aqui...

Elis Cândido disse...

Você pode até achar estranho, mas ler Dia dos Mortos me fez voltar a infância, quando o Dia de Finados era sempre um momento de agitação na minha rua... Sempre morei na rua do Cemitério Municipal, lugar onde só há movimento quando há mortes... Nos Dias de Finados, nossa rua ganhava uma cara diferente, com vendedores de velas e flores, alguns policiais, figuras famosas na região, carros subindo e descendo. Para as crianças, uma verdadeira festa! Só estes dias quebravam o silêncio eterno que parece pairar ainda hoje naquele lugar...
Abraços.

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