terça-feira, 1 de março de 2011

Melodia das manhãs iguais



o branco dos lençóis ondula ao sol da manhã
suspenso nas molas de um anónimo destino
quando te debruças sobre o abismo da varanda
cumprindo o ritual monótono da repetição dos dias

o vento, assobiando entre as frinchas do cimento,
sacode o teu rosto petrificado, juntando-se
ao coro das roldanas enferrujadas do estendal
a ranger num estranho gemido de roupa molhada

.
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13 comentários:

Sandra Subtil disse...

Tão melancólico...a rotina cansada de uma vida amargurada...
Beijo

Karinna* disse...

*tudo gora me parece tão igual, viver na berlinda, assombrada, por hora, me dá efeito contrário, enquanto a maioria mergulha na vida, eu vejo tudo tão igual...
Devo ser um ET na terra!
Teus versos lençóis brancos perfeitos, ondulam no meu olhar matinal...
Tocas-me
Belíssimo meu amigo!
Beijo-te
Karinna*

Ani Braga disse...

Gemidos de roupa molhada....

Gemidos de vidas que teimamos em viver por nós mesmos....

Adoro tudo que vem de vc...

Beijos


Ani

Unknown disse...

E assim passam os dias... Abraço.

JB disse...

Obrigada pela sua visita!

Vim conhecer o seu espaço e confesso que fiquei a ondular em cada verso, ouvindo a melodia bem colocada daa suas poesias!

Vou voltar, para reler a sua deliciosa forma de escrever!

Beijinho

Fátima disse...

Runa
Fez-me sentar em uma varanda.
Uma varanda onde dois anjos meus, ainda, moram.
Trabalharam tanto...
E hoje esperam, sentadas, o tempo passar.
Lá, os dias são mais ou menos iguais.
Descansam os aventais.
E nos varais desfila o branco dos lençóis.
O vento não é frio nem triste.
Lá existe uma paz tão grande...
Só gostaria que elas pudessem caminhar.
Enfim... é a vida!
Com carinho
Fátima

Nilson Barcelli disse...

Encontrei o teu blog através de um blog amigo comum.
E ainda bem que aqui vim, pois encontrei belíssima poesia. Parabéns pelo talento que revelas a cada poema.
Abraço.

Mara Santos disse...

Que bela composição poética!
Parabéns!
Beijos,
Mara

Poetisa (Helena) disse...

Os dias passam numa monotonia igual, numa música igual, numa dança igual. Mas aqui estou eu: e a cada dia sinto que vivo de maneira diferente.

Estarei seguindo, te convido a conhecer:

http://escrevoparaviver.blogspot.com

Ana Cláudia disse...

O Cotidiano de ações tão iguais...
Normóticos dias desafiando a ousadia de mudar...

;)

Estou sempre por aqui... gosto de te ler.. beijos...

Rart og Grotesk disse...

que parte ótima: "o vento, assobiando entre as frinchas do cimento,
sacode o teu rosto petrificado, juntando-se
ao coro das roldanas enferrujadas do estendal".
O estilo do poema faz lembrar aqueles poetas antigos, muito bom!

http://artegrotesca.blogspot.com

Penélope disse...

Que descrição mais linda do decorrer da VIDA, esta que nos envolve todos os dias... umas vezes com o ranger de roupas molhadas e outras vezes com o esvoaçar das mesmas roupas, já secas.
Lindo!
Abraços

Reinadi Sampaio disse...

Gosto de vir aqui, ler-te. Tua poesia é sempre algo que mexe com nosso eu mais profundo e, trafegamos junto contigo em uma emoção idêntica - profunda. O que parece corriqueiro, aos nossos olhos, como estender roupas no varal, transforma-se em algo sublime, com a tua forma de colocar as palavras.

Leio-te aqui, nos livros e cada vez mais és surpreendente.

Um grande abraço.
Flor.

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