domingo, 8 de maio de 2011

A voz da infância


Há uma voz que me chama
do sótão obscuro da noite
onde escondi a memória
que se despenhou numa curva do tempo.
Como um grito de aves moribundas
sacudindo o luto dos ossos
rumina as sílabas frias do meu nome
num eco ferrugento
que roça o estuque baço das paredes.

Quando lhe pergunto o que me quer
e porque razão me vem atormentar
com a recordação de dias esquecidos,
a voz detém-se,
refugiada num gemido de sombras gastas
e não me responde.
Lesta, desce as paredes enrugadas,
serpenteando no soalho flutuante
até se perder no esconso dos caminhos
ao fundo de antigos corredores
numa lonjura de portas mal fechadas.

_____________________________________________
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26 comentários:

Marinha disse...

As recordações vêm, mesmo que as portas estejam trancafiadas... elas virão, Runa.
Bjo

Hellen Caroline disse...

'com a recordação de dias esquecidos,
a voz detém-se,'
e por mais que pense que não,algumas recordações nunca se vão! ;)
Lindo poema!
Um beijo *

Maria José Rezende de Lacerda disse...

Feliz dia das mães, com muitas flores e sorrisos. Aproveitando a oportunidade, vim lhe fazer um pedido. O ArcadoAutoConhecimento foi indicado para concorrer ao SELO BLOG DA SEMANA, em votação que se iniciou no dia 05/05 e ficará aberta até o dia 11/05/2011 no BLOG DO SUPER WILL. Se você quiser me presentear com seu voto, deve acessar o blog do Super Will, no endereço http://wwwwillblog.blogspot.com/. O Will é o idealizador do selo, tendo por objetivo homenagear e promover a confraternização blogueira através da troca de links, divulgação e experiências. Desde já, agradeço a gentileza e amizade.

Ani Braga disse...

Que lindo querido Runa, as vozes sempre estarão lá e se elas chamam talvez seja pra resgatar algum sentimento deixado pra trás.

Beijos

Que a semana que se inicia seja repleta de realizações.

Ani

Helen De Rose disse...

Olha só o que acabei de achar....rs... o seu blog! Como eu não tinha visto antes? Tudo tem seu tempo certo para acontecer. Vou lendo aos poucos...voltando sempre. Abraço daqui.

Anónimo disse...

Freu diz que os acontecimentos podem ser esquecidos, todavia jamais apagados. E esses danados que tentamos jogar no mar do esquecimento, às vezes vem como tão bem poetou Runa, de forma sorrateira, vem invadindo nossa mente, fazendo gemer nossa alma e na maioria das vezes não sabemos porque (ou nao queremos saber, como forma de defesa).
A lembrança vem, a dor ataca, nos questionamos, contorcemos nossas entranhas, sofremos e deixamos partir novamente a lembrança ferrenha...
Abraços e uma semana memorável.

Anónimo disse...

faltou o d de Freud.

Marilu disse...

Querida amiga, meu blog Devaneios está completando um aninho de vida, e gostaria de convidá-la para comemorar. Tem um selinho lá para você. Tenha uma linda semana. Beijocas

CF disse...

Runa
Ontem tentei por 3 vezes deixar comentário aqui e não consegui...dava erro!
Ok! sou mais teimosa do que a tecnologia e cá estou...lol
A leitura do seu post provocou-me um ligeiro arrepio, confesso... essa voz da infância era um tanto soturna! Mas o texto muito bom! Muitas crianças trazem consigo vozes dessas ao longo do tempo... vivências marcantes que continuam ecoando nas suas almas...
Devo dizer que fui uma felizarda na minha infância, só tenho bons pensamentos acerca dela... o único pesadelo que me acompanhou durante um tempo, ainda na vida adulta, foram as recordações do filme de Hitchcock "Psycho" que em criança vi, indavertidamente (sem conhecimento dos meus pais) e que me marcou o sono durante uns tempos.... lolol
Mais tarde quando o revi, perdeu a intensidade com que o tinha guardado.
Quiçá o tempo fará o mesmo a esta voz de infância!!!
Abraço e agradeço o ter aceite o meu pedido

Algo meio Assim disse...

Sempre belos e malditos os recordares! Portas entre abertas, sempre nos provocam frio pela madrugada! O caminhar as vezes parece tão longo...

Brilhante como sempre!
Forte abraço!

. disse...

A infância está presente, sempre estará, nos ventos sibilantes e breves, nas recordações de cores .. Não importa quanto tempo passe, essa, não passará.

MARILENE disse...

O eco perdura pela eternidade quando as lembranças não perdem seu lugar.

Bjs

Mariazita disse...

Seguindo o link no blog de CF vim desaguar neste belíssimo espaço!
Há aqui poesia de muita qualidade. Vou voltar com mais tempo, para apreciar devidamente.
Pena não teres lista de seguidores... era mais fácil não te perder o rumo...

Este último poema é mesmo muito bom.
Há recordações que nos atormentam o espírito. Contudo, é melhor recordar do que ter o cérebro vazio...

Boa semana. Beijinhos

Sandra Subtil disse...

Inquietante ( como é hábito)
Intenso (como sempre)!
As memórias vêm e quando apanham portas mal fechadas..ui...corremos o risco de se instalarem.
Beijinhos

Sara Carvalho disse...

Seu estilo é parecido com o do poeta Augusto dos Anjos. Já ouviu falar? Olha um trechinho de uma de suas poesias mais famosas:

"Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!"

Parabéns pela poesia!
Abraço!

A.Bridges disse...

Lindo, lindo mesmo, tive até uma certa nostalgia daquela voz me chamando para voltar para a infância .
Parabéns pelo blog, é muito bom e já estou seguindo.
Convido-te a visitar o meu também, que apesar de mais modesto, é feito com o todo da minha alma.
Espero-te lá,
Beijos,

Ana Pontes

http://anapontes-pensamentosavulsos.blogspot.com/

Anónimo disse...

Runa.. passando para deixar um beijo em seu coração e avisar que tem um presentinho lá no meu cantinho para você [:)]

Verinha

Vera Lúcia disse...

OLÁ RUNA,
RECEIO QUE JAMAIS APAGAREMOS MEMÓRIAS DE NOSSA INFÂNCIA, QUER SEJAM BOAS OU RUINS.
DE QUALQUER FORMA, AS LEMBRANÇAS APENAS PASSEIAM PELA NOSSA MENTE, O QUE É BOM.
ABRAÇO.

Tainã Almeida disse...

Gostei muito do blog, é muito complexo.
E quanto a postagem, realmente as recordações em minha opinião´ faz com que agente descubra quem somos. Sejam boas ou ruins, elas servem para que possamos reelembrar o passado e construir um futuro melhor. Afinal são recordações da nossa infância. Beijos e boa semana.

rosa-branca disse...

Olá Runa, fiquei arrepiada com este teu poema. Não gosto de lembrar a infância, pois marcou-me bastante. Sei e acontece-me vezes sem conta, mesmo com tudo trancado as memórias entram se calhar só para magoar, só para me fazer desejar a infância que não tive. Beijos com carinho

Poema as Bruxas disse...

Sempre tem algo a me chamar... vozes não sei... só sei que algo ainda tenho que esperar....
Adorei o poema... bjos

jt disse...

i like .............

CF disse...

Runa
Volto aqui para dizer-lhe que passe lá no meu canto logo tenha tempo... penso que será interessante ler os outros olhares ao seu texto sobre Alzheimer... eu, por mim, adorei e vou guardá-lo, se me permitir, para utilização de âmbito profissional...com o devido respeito pelo autor, claro está.
Obrigada
Abraço

vitalina de assis disse...

Hola Amiga!

Lindo poema.

Certas recordações são rasteiras e algumas vezes "malvindas", entretanto, fazem parte da nossa estória, não há como dissociá-las. Podemos quando muito... diminuir-lhes o crédito.

Parabéns pelo blog.

FlorAlpina disse...

Como gostaria de a ouvir de novo! De súbito calou-se...saudades!

Estava dificil entrar na blogosfera!

Deixo com muito carinho, Bjs dos Alpes

Lídia disse...

MUITO ENGRAÇADO!NA SUA RECOMENDAÇÃO!!!
MUITO ENIGMÁTICO NA APRESENTAÇÃO!!!

RECORDAÇÕES...TRISTONHAS...NÃO CREIO ASSIM TÃO LONGINCUAS!!!

PARABÉNS!!! GOSTEI MESMO DO SEU BLOG

LÍDIA

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Abraço. Volta sempre.

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