Recusas rever-te nos espelhos
onde já não te reconheces
e a sombra de uma metamorfose mórbida
se reflecte
como uma fotografia amachucada
que o pó lambeu
com o veneno enfeitiçado das noites.
De tanto crescer
o corpo mirrou por dentro
devorado
por um espasmo de primaveras corrompidas
e é, agora, apenas um sussurro de sémen,
um choro de criança moribunda
no quarto escuro da memória
onde não voltará a amanhecer.
O mapa enrugado das cidades perdidas
que te cobrem a cal cega da pele
é aquilo que te resta
de uma paisagem de luas adolescentes
que a sombra obscureceu
num eclipse de ossos doentes.
Agora, já só esperas o último voo.
O grande sono
que te levará num estertor alucinado
à cratera extinta onde repousa
a recordação febril das manhãs
e a luz branca de todos os mistérios.
onde já não te reconheces
e a sombra de uma metamorfose mórbida
se reflecte
como uma fotografia amachucada
que o pó lambeu
com o veneno enfeitiçado das noites.
De tanto crescer
o corpo mirrou por dentro
devorado
por um espasmo de primaveras corrompidas
e é, agora, apenas um sussurro de sémen,
um choro de criança moribunda
no quarto escuro da memória
onde não voltará a amanhecer.
O mapa enrugado das cidades perdidas
que te cobrem a cal cega da pele
é aquilo que te resta
de uma paisagem de luas adolescentes
que a sombra obscureceu
num eclipse de ossos doentes.
Agora, já só esperas o último voo.
O grande sono
que te levará num estertor alucinado
à cratera extinta onde repousa
a recordação febril das manhãs
e a luz branca de todos os mistérios.
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24 comentários:
Agora já só esperas o ultimo voo o grande sono...passamos a vida á espera disso...desde que nascemos...a vida realmente é cruel...mas o ser humano ainda o é mais...adorei o poema meu amigo, mas dói-me sempre que te leio. Será possivel alguém nascer e viver com tanta tristeza dentro de si? Eu acho que sim... Beijos com carinho
o vôo derradeiro...
impressionante!
beijo, querido.
Muito boa tua poesia, um estilo que adoro...
Bjs
Mila
E sorte de quem espera o último voo já com as rugas a marcar os seus traços e os anos a pesar-lhe nos ossos.
Tantos levantam voo na madrugada da vida.
É um prazer ler-te, mas sinto sempre tanta nostalgia, tristeza, sei lá, escondidas nas tuas palavras...
Beijo
SIMPLESMETE....ADOREI..TUDO...
XEROOOOO
Triste, tremente, dentro do tempo, fora do tempo,
esse poema que transcende a agonia de quem não pode olhar o espelho e pode perguntar ao vento...
"Em que espelho ficou perdida a minha face?"
E o vento apressado não responde!
Mas conheci uma pessoa que no final, não queria olhar o espelho. Triste para quem tinha sido muito bonita.Me lembrei deste caso verídico,
tão parecido, com o que diz no seu poema.
Belo poema!Triste poema!
O encontrei em Rangel e me chamou a atenção essa figura vestida de negro e de cara tapada.
Escrevo poesia.
Maria luísa
Um pormenor:
Essa pessoa de quem falei era nova.
não eram as rugas ou a velhice que a impediam
de se olhar ao espelho.
Mª. Luísa
Runa, é sempre uma alegria te visitar.
Um poema triste e belo, é possível se ver beleza na tristeza? Na poesia sim!
Te adoro
Beijos quantos possa suportar...
Neusa
Se poesia é feita de dor e para doer... eis que eu prefiro essa dor.
... A luz branca de todos os mistérios...
Isso é realmente lindo.... Adorei
Beijos
Embevece-me a tua pena afiada, a mistura equilibrada de palavras mil, a leela da poesia. Congratulações.
Seja qual for a espécie de dor, ela se torna bela na poesia...Gosto do subjetivismo que empregas em tuas palavras e do ritmo ao qual elas tem...O último voo será mistério, impressionará!Amei o Poema.
Boa Tarde!
Recuso-me sim, não agrada-me!
Ainda há uma ressalva..aqui na minha retina.
o tempo não corrompeu..
e o voo?
.
.
Aos braços de Morpheu, (inocente).
beijooos
venho agradecer a visita e palavras no meu cantinho e deparo com um lugar encantador.
è verdade na vida tudo tem um começo e um fim e há-de chegar um momento em que a roupa gasta pelo tempo vai perecer.
bj
Obrigada por escolher meu blog. Sua escrita é mistério, dor e libertação. Vou seguindo-o por aqui. Volte sempre e deixes seu comentários...Para descobrimos mistérios rumo a libertação. Abarços,
Sumayra
Runa Querido!!!
Poucos sabem poetizar a dor e o último voo... vc o faz com excelência!
Sempre bom passar por aqui... mesmo que seja necessário muita coragem para te ler...
Beijos meus... e meus carinhos tbm!
Tenha uma semana linda... de paz e poesia.
Sil
Olá poeta!
Obrigada...!E suas poesias, belas e fortes!
Beijos e boa semana pra vc!
Retribuindo a visita e encantada com sua poesia.
Olhar no espelho, encontrar duas almas, reencontrar-se, eis a questão...
Beijos
Runa,
o tempo tem sido contrário a fazer visitas.
hoje arranjei um tempinho para visitar os amigos e deparo-me com um poema, que como é teu apanágio, é forte e real que baste.
passamos a vida sem olharmos para dentro e depois só nos resta a espera e as rugas de quase nada termos feito.
bj
Instigante.
Creio ser esta a melhor palavra para descrever seu cantinho.
já add para seguir, gostei do que encontrei aqui.
Bjs da lua e uma deliciosa semana.
=)
Gostei de passar por aqui
Um beijo e Poesia...
ALMA
Ter alma é ter vidas
Ter alma é sentir vida
Sentir Amor
Sentir o bater do coração
E ao sentir...
A vida...
O amor...
E o bater do coração...
Temos a certeza
Que a vida existe
E a alma está viva
Alma que não vê
Mas que sentimos...
E sabemos que realmente
Ao ter alma
Temos mesmo vida
E devemos arriscar
Para sermos felizes...
LILI LARANjo
Boa noite!
Agradeço e retribuo tua gentil visita ao meu blogue.
Volte sempre.Eu também vou ficando por aqui, pois gostei muito deste espaço.
Com carinho,
Mara
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Questionam-me muito sobre a melancolia quase sempre presente em minhas poesias... Não sou eu uma pessoa infeliz ou melancólica. Apenas acontece que, quanto mais plena ou madura, mais percebo as tristezas ou dificuldades ao meu lado. Me identifico com a tristeza, apesar de não ser triste (pelo menos não sempre). Há tristeza num lindo céu azul, num pôr do sol, num mar que quebra na praia, na vida que passa... felicidade e tristeza são palavras antagônicas, mas que se completam, como duas faces de uma mesma moeda. Gosto da sua maneira carregada e melancólica de escrever. me identifico ao ler cada palavra sua. Esta postagem é como um soco no estômago. Não vejo romantismo nela, apenas verdades. Duras e belas verdades. Li e reli cada palavra mais de uma vez, para absorver a sua essência... Parabéns, meu caro amigo.
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