domingo, 2 de junho de 2013

Peregrinação


Nenhuma distância os impede de chegar.
Vêm com o vento e com as chuvas breves
que amansam a aridez dos caminhos
à espera de encontrar um outro norte
uma fenda no coração negro da rocha
ou um caminho de retorno a casa.
Vêm do fundo nebuloso das quimeras
e dos lugares eternos do medo
com as mãos cruzadas sobre o peito
e um assobio de fogo à cintura
para iluminar por dentro a escuridão.
Trazem nos cabelos um perfume antigo
como um pacto firmado ao redor das fogueiras
e rubros lanhos na exaustão dos pés
para esconjurar a febre da lonjura
e se resguardarem da memória do choro.
Trazem um desejo de aves migratórias
a abraçar as manhãs que nunca viram
num voo solitário sobre as dunas
ensaiando a redenção de esconsas feridas.

Quando chegam, com o rosto estragado pelo frio
e o coração a fervilhar de sobressaltos
lentamente entregam o corpo à sede das areias
e à sombra das pedras que se erguem para o alto
respondendo a um apelo que vem de cima.

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4 comentários:

Rô... disse...

oi Runa,

quando temos determinação,
nenhuma distância nos impede de chegar a lugar algum,
e juntos somos sempre mais fortes...

beijinhos

Flor de Jasmim disse...

A força de encontrarem um caminho de retorno a casa, não há distância que impeça a realização de juntos abraçarem as manhãs.
Boa semana meu amigo

beijinhoe uma flor

Passarinho de primavera disse...

Norte – é te peregrinar!

Maria Emilia Moreira disse...

Olá!
Diz-se que a fé move montanhas e assim sendo quem acredita sujeita-se a todos os sacrifícios...ainda que sejam...mortais por vezes.
Belo poema, sem dúvida.

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