terça-feira, 12 de abril de 2011

Catarse


As casas dormem ainda
ensaiando um silêncio de morte improvisada.
Nas janelas fechadas
oculta-se um rumor de luzes estranguladas.
O fogo adormecido da quimera
envelhece sob um céu sem luar
junto à rebentação das sombras
onde decifro a solidão fria do inverno
no crepitar da memória incandescente.

Personagem de encruzilhada, busco
um elo que faça ainda sentido
com qualquer coisa conhecida,
enquanto assisto ao desgaste lento das horas
a cavarem um fosso de incertezas
no parapeito arruinado da esperança.
Respiro todos os segredos da escuridão
no mármore arruinado onde repousa
um silêncio de asas mortas
e o gemer surdo do sono adiado.


Ao fundo do corredor
no átrio vago da demora
range a porta da alvorada
a abrir-se para a claridade inesperada do dia.

_________________________________________________
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14 comentários:

M. disse...

Estranhei um pouco a tua escrita. Mais pelo conteúdo do que pela forma...

Bom sinal:)

Hellen Caroline disse...

Palavras profundas! ;)
Beijos

Ana Cláudia disse...

Todo pensamento agonizante pode durar uma noite, mas perdem sua força quando a luz se faz presente... SEMPRE EXISTE UMA SAÍDA...!!!... nem que seja a porta da alvorada...

Gostei das comparações
"ensaiando um silêncio de morte improvisada"
"rumor de luzes estranguladas"
"crepitar da memória incandescente"(putz... não há quem nunca tenha sentido)
"porta da alvorada"

Éhh... essa noite foi fogo mesmo...

Beijos

Sandra Subtil disse...

Ler-te também é uma catarse...

Sara Carvalho disse...

"O fogo adormecido da quimera
envelhece sob um céu sem luar"

A minha já está agonizando rsss
Gostei da poesia!
Ficou algo entre a tristeza e a escuridão, se bem que as duas não raro andam juntas.
Abraço!

Rart og Grotesk disse...

Maravilhoso!!!
"Respiro todos os segredos da escuridão
no mármore arruinado onde repousa
um silêncio de asas mortas".
O começo tbm gostei bastante: "As casas dormem ainda
ensaiando um silêncio de morte improvisada.
Nas janelas fechadas
oculta-se um rumor de luzes estranguladas"
Ah, como eu queria voltar a escrever poemas!Mas não tenho mais tempo e nem talento...
bjs
http://artegrotesca.blogspot.com

Poetisa (Helena) disse...

Impossível não gostar de palavras tão entrelaçadas.

Hellen Caroline disse...

Bom dia,
Passei para desejar-te um dia iluminado para ti,e dizer que tem selinho pra ti lá no blog,qndo sobrar-te um tempo,passa lá
http://evidentesselinhosemimos.blogspot.com/2011/04/selo-do-evidentes-pensamentos-para.html
Beijos

Vinicius Carvalho disse...

Boa tarde!!
Estou passando como um foguete, mas eu prometo voltar com mais calma!

Estive viajando e estou enrolado colocando o blog em dia.

Bom que vc tenha uma ótima tarde!

Nos encontramos no Alma.

Anónimo disse...

É especial e tocante a tua forma de escrever dizer que gosto é pouco, adorei e quase te ouço respirar nos segredos da escuridão enquanto as asas mortas ganham vida em cada palavra. Lindo!

Anónimo disse...

Bom que saibamos...Há sempre uma porta.
Abraços fraternos. Mallika

Luísa disse...

Viu o tempo passar?
Eu também....e adorei!
Beijinho terno

Valeria Soares disse...

Belos versos, amigo!

Elis Cândido disse...

Cada um tem uma maneira catártica de superar os pesadelos da vida e transformá-los em contemplação... Você parece conseguir isto através das palavras. Copiei teu poema para o meu blog... de novo... rs. Abraços sempre.

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