terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lar de idosos


Um sótão de eternas velharias
guarda uma paisagem virada do avesso
as cores exíguas de uma sina exilada
sem porta nem janelas
por onde a claridade possa respirar

A aranha cerca os cantos da casa
corroendo a geometria das paredes
lado a lado com a poeira empilhada
onde numa lenta insónia colige
suas teias de fio de baba e alabastro

Sombras de uma luz esvaída
na intimidade oxidada da ruína
flores secas mirram à ponta da mesa
sobre a toalha enrugada
numa jarra branca de porcelana

___________________________________
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8 comentários:

Rose Sousa disse...

Runa, se não sabes quem es, te direi. Você é um poeta extraordinário! Já seguindo porque seus poemas é um convite para ficar eternamente. Li também um poema mais abaixo, acho que..." um poema na ultima frase", coisa assim, rs. Fiquei tão fascinada que me esqueci. Amei! Abraço de luz Poeta!

Sandra Subtil disse...

Todos os anos visito com os meus alunos o Lar de Idosos no dia 1 de outubro. Venho de lá como coração minúsculo...
De novo o senti assim ao ler o teu poema ( retrato fiel)
beijinho

Rô... disse...

oi Runa,

você é perfeito,
me senti no meio desse lar,
tamanho os detalhes que descreveu...

beijinhos

Sol disse...

abandono ou julgamento?
sentença unânime pelo corredor da morte,
com suas paredes frias, silenciosas e tristes..
conduzindo a todos, ao não menos frio,
leito final.

bjs.Sol

António Je. Batalha disse...

Meu nome é António Batalha, estive a ver e ler algumas coisas de seu blog, achei-o muito bom, e espero vir aqui mais vezes. Meu desejo é que continue a fazer o seu melhor, dando-nos boas mensagens.
Tenho um blog Peregrino e servo, se desejar visitar ia deixar-me muito honrado.
Ps. Se desejar seguir meu blog será uma honra ter voce entre meus amigos virtuais, decerto irei retribuir com muito prazer. Siga de forma que possa encontrar o seu blog.
Deixo a minha benção e a paz de Jesus.

rosa-branca disse...

Olá amigo, é... eu costumo chamar um depósito de trapos velhos, pois é um mal necessário. Muitos estão nesse lugar há anos, sem verem sequer um familiar. Isso deixa-me doente, pois não sei como se consegue esquecer uma pessoa assim. Tenho uma idosa com 84 anos aqui em casa e não tenho obrigação, mas como viveu com meu pai sinto-me no direito. Acho que o grande erro da humanidade é esquecerem-se que para lá caminham. Adorei o teu poema. Beijos com carinho

Penélope disse...

Descreveste bem um lar de idosos que, por mais belo que possam dizer parecer, é para mim, assim...
Meus avós morreram velhinhos, mas todos ficaram até o último dia conosco. Nada é tão bom como o barulhinho da casa da gente.
Abraços

Anónimo disse...

Teu poema, uma realidade que dói.

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