fecho os olhos
e sinto-me a cair
sem ter onde me agarrar
a pique
sou levado
pela vertigem da queda
como um avião
abatido pelo inimigo
aterro
sem estrépito
nem sequelas aparentes
num terreno de ninguém
escapo ileso ao embate
e começo a caminhar
por entre o arvoredo
mas não sei onde estou
os céus são estranhos e baços
em permanente mutação
tetos baixos
carregados de mistério
avanço sem hesitações
como se já conhecesse o caminho
ou estivesse alguém
do outro lado
à minha espera
ouço portas que batem
ferrolhos que rangem
ecos que se prolongam
perseguindo-me os passos
véus a esvoaçar na penumbra
agitando a paisagem
nada me pode deter
sigo a direção do vento
há alguém à minha espera
para lá da ponte
pequenos vultos sorridentes
que me acenam na margem
coberta pelo musgo
chego-me a eles
reconhecendo-lhes os rostos
cintilam
a sua luz ofusca-me
antes de se esfumarem
abruptamente
quando os tento abraçar
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3 comentários:
Estou a tentar visitar todos os seguidores do Peregrino E Servo, pois por uma acção do google meu perfil sumiu e estava a seguir o seu blog sem foto e agora tive de voltar a seguir, com outra foto. Aproveito para deixar um fraterno abraço e muita paz e saúde.
António Jesus Batalha.
Olá amigo, vejo que voltaste com um poema de saudade de alguém que partiu, não? Por vezes fechamos os olhos e vimo-los na outra margem...sem os podermos alcançar. Um poema que deixa a alma dorida. Um abraço e beijos com carinho
Os reconhecemos através do olhar que apreende o nosso.
Comentar-te? Como? Sempre me questiono. Transportas-me para outra dimensão nos teus versos e, arrebata-me a alma com o belo, essa tua dor.
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Abraço. Volta sempre.
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