Uma alvorada de sinos decota o silêncio
pasmado no sangue envidraçado das manhãs.
Nos alpendres arruinados de uma divindade cega
o unicórnio negro tenta romper
o círculo mórbido do betão a céu aberto
esgravatando com os cascos em ferida
nos recantos de pedra de um horizonte selado.
Nenhum bosque verdejante cintila
na melancolia obscura que cerca a paisagem
onde o fio de baba do destino se esgota
no girar monótono das pás que degolam o vento.
É demasiado tarde para refazer o caminho.
O unicórnio negro atravessa a bruma
seguindo um rasto de cinzas na terra batida;
exalando um longo e atroz lamento
no coração do gelo que tinge o céu turvo
rente às margens onde se afogaram todos os sonhos.
É demasiado tarde para escolher outro caminho.
pasmado no sangue envidraçado das manhãs.
Nos alpendres arruinados de uma divindade cega
o unicórnio negro tenta romper
o círculo mórbido do betão a céu aberto
esgravatando com os cascos em ferida
nos recantos de pedra de um horizonte selado.
Nenhum bosque verdejante cintila
na melancolia obscura que cerca a paisagem
onde o fio de baba do destino se esgota
no girar monótono das pás que degolam o vento.
É demasiado tarde para refazer o caminho.
O unicórnio negro atravessa a bruma
seguindo um rasto de cinzas na terra batida;
exalando um longo e atroz lamento
no coração do gelo que tinge o céu turvo
rente às margens onde se afogaram todos os sonhos.
É demasiado tarde para escolher outro caminho.
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11 comentários:
Olá,
ao ler teu poema não pude deixar de citar que me fez lembrar de um escrito de Marta:
Tarde demais é uma expressão cruel.
Tarde demais é uma hora morta.
Tarde demais é longe à beça.
Não é lá que devemos deixar
florescer nossas descobertas.
Martha Medeiros
Em outras palavras,que a expressão "tarde demais" se desfaça de seu vocabulário.
Bela Poesia!
Beijos
Há uma dicotomia muito interessante entra a sombra e a luz... E a força de um caminho por definir.
L.B.
O caminho é nosso e é nossa obrigação percorrê-lo.
Runa
Triste e muito profundo!!! Mas muito sentido... sabes amigo eu penso que todos os caminhos vão dar a um lugar certo ou errado, mas existem e têm que ser percorridos com nossas caminhadas.
Adorei amigo.
Um beijo fraterno
Nunca é tarde para mudar a rota.
A escolha é sempre nossa. Ousadia é bom. Coragem, mais ainda.
Já te falei acerca de sua maneira de versar. É muito enigmática. Pelo menos para mim, que sou leiga em linguagem poética.
Abraço. Obrigada pela gentil visita.
Seria terrífico pensar que é tarde demais,
que nada mais resta a fazer...
Há sempre um raio de luz que surge da penumbra, assim acredito.
Obrigada pela visita.
Volte sempre.
Ná
Não é tarde, se a vida continua!
Querida amiga, nunca é tarde demais para revertemos quaisquer situação é só querermos. Há sempre um novo amanhã para recomeçar. Beijocas
Amigo Runa
Este texto fez-me lembrar uma apresentação que vi há tempos sobre a evolução da Terra... um sitio árido, sem água e onde tudo está a morrer!!! Julgo que num contexto destes tanto podemos abrir para uma perspectiva mais macro, como micro, se olharmos para um interior de uma alma desesperada e deseperançada...
Recuso admitir a inexistência de outro caminho enquanto existir...
Esperemos que surjam mais alvoradas de sinos com mensagens de esperança
Peço imensa desculpa mas derivado aos problemas com o Bloger só hoje me foi possível chegar aqui.
Abraço.
Obs vou voltar mais vezes pois gostei do conteúdo.
Runa
Chego a sentir a secura destas cinzas pradarias e os arrepios dos ventos gélidos em meu rosto. Muitas vezes galopamos feito este unicórnio negro, com negra alma, rumo a bruma que nos encanta e nos espera... Abraços.
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