Em forma de ponte
dobrava-me para a frente
e atravessava-te
de um extremo ao outro
unindo num só desejo
as duas margens
do teu corpo encrespado
eras então uma ilha
onde me refugiava
do rugido das tempestades
e da insânia das marés
um marulhar ébrio
de águas a correr
sobre o meu leito árido
e eu inclinava os ombros
e deixava-me levar
ao sabor dessa ondulação
até que fosses somente
a curva branca de um rio
onde o arco-íris ia saciar
a sua sede de novas cores
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