O poeta agachou-se
sobre a página por escrever
e como por encanto foi arrebatado
para dentro do caderno.
Subitamente viu-se sozinho
num universo estranho
onde tudo era branco e liso
como uma névoa em plena luz do dia.
Nunca se tinha sentido assim
mergulhado numa paz profunda
e reconfortante.
Ao longe
pareceu-lhe ouvir vozes.
Alguém a dizer
que o jantar estava na mesa.
E chamavam pelo seu nome.
Repetidamente
num apelo que não cessava.
Em silêncio arrastou-se
até ao topo da folha
e com o carvão da lapiseira
que lhe manchava a ponta dos dedos
em letras garrafais escreveu:
POR FAVOR…
ALGUÉM PODE FECHAR O CADERNO?
_______________________________________________________